Tipo 5 - Desafios gerais de crescimento

O tipo 5 pertence à tríade mental (cabeça) do Eneagrama, estando ligado ao ponto 8 (seu ponto de segurança ou impulso) e ao ponto 7 (seu ponto de estresse ou desafio). Possui como asas (vizinhos no círculo) os pontos 4 e 6.

Seu primeiro movimento e um dos seus maiores desafios é acessar o ponto 8. Esse acesso significa recuperar o contato com o corpo e as energias do instinto. Pessoas do tipo 5 costumam ficar concentradas de forma exagerada na cabeça, nos pensamentos, às vezes até economizando movimentos corporais ou não tendo consciência das sensações do próprio corpo. Uma maneira simples de você entender isso é imaginar como se sente depois de praticar uma intensa atividade física que revigora — a sensação no corpo, a energia e a disposição, que ficam muito maiores. O tipo 5 precisa desse contato constante com o corpo por meio de atividades corporais regulares: corrida, dança, futebol, teatro, escalada, bicicleta etc. De preferência, deve também estar em contato com a natureza e com tudo o que envolva a terra, caminhando descalço com regularidade, sentindo os pés tocando no chão por algum tempo. Ele precisa recuperar e praticar essa consciência corporal.

Esse contato com o ponto 8 envolve ainda acessar as energias da raiva, entrar em conflitos, disputas e, inclusive, ganhar disposição por meio deles. Isso tem a ver com tornar-se mais espontâneo, mais assertivo e capaz de orientar suas ações e decisões também pela sensação corporal que tem das coisas, e não só pelas análises mentais. Tem a ver também com impor-se mais e causar mais impacto nas pessoas. Esse movimento de tomar posse do próprio corpo e se enraizar na terra é uma passo fundamental para o tipo 5 que procura o desenvolvimento e deve estar presente em sua vida todos os dias.

O movimento seguinte de crescimento é em direção ao ponto 7. Muitas vezes, ele acontece naturalmente, quando o tipo 5 realiza os processos ligados ao ponto 8. Desenvolver as características do ponto 7 tem a ver com deixar a mente transbordar de ideias, de entusiasmo e colocar isso para fora. É fundamentalmente um movimento de sair do pensamento recluso, individual e ir ao encontro de todas as experiências e prazeres do mundo real — experimentar coisas novas e práticas, se arriscar, ser menos consequente, ser menos razão e ter mais vontade de viver a vida. Quando alcança o ponto 7, o tipo 5 fica mais brincalhão, mais festeiro, mais espontâneo e consegue se divertir mais. Há uma busca necessária por viver o prazer da vida e pela companhia das pessoas para compartilhar isso. Não há muitas regras para esse desenvolvimento, mas sim uma permissão que ele dá a si mesmo: fazer mais coisas sem pensar e usar o humor como impulso.

Das suas asas, os pontos 4 e 6, há também aprendizados e integração a serem realizados. Da asa 4, os tipos 5 podem incorporar mais emoção, sensibilidade e contato com o coração de forma geral. Trata-se de buscar o diferente, o belo, o estético e o artístico, e não apenas o funcional, o econômico e o racional. Trata-se ainda de incorporar a poesia da vida e vê-la como algo que tem um significado muito maior do que apenas a sobrevivência prática. É investigar o que realmente gosta de fazer: qual o legado quer deixar para o mundo? Que partes da vida precisam de mais emoção e menos razão para serem vividas de fato? Onde está a paixão pela vida? Da asa 6, o tipo 5 pode aprender a incorporar o feedback como uma prática constante, uma solicitação que faz aos outros para saber como está indo e também para manter a interação, para participar dos grupos que o apoiam e o ajudam com as suas questões. Aqui, ele desenvolve a lealdade a esse grupo de colegas, amigos e apoiadores e aprende a posicionar-se mais em vez de ficar calado, a formar alianças e a relacionar-se bem.

Grande parte do desafio do tipo 5 consiste em viver a vida de forma mais carnal, mais abundante e mais cheia de energia. Trata-se de permitir-se sair do quartinho escuro, isolado e protegido pelos teoremas, pela Internet, pelos videogames e pelos jogos de xadrez e dar a cara à tapa no mundo para viver. Trata-se de experimentar, dançar, relacionar-se, frustrar-se, rir e chorar, de entender que o verdadeiro aprendizado da vida não está nos livros e que ler uma página de reportagem científica sobre a Muralha da China não é a mesma coisa que ir até lá e caminhar. Enfim, trata-se de experimentar e se lambuzar do gosto da vida.

Aprender a lidar com o mecanismo de defesa chamado Isolamento Emocional é também uma prática importante. É fundamental dar-se conta de que naquele exato momento iria aparecer uma emoção, mas ela foi imediatamente isolada e, em seu lugar, apareceu uma análise mental; compreender que a raiz disso está no medo e aceitá-la; permitir, dia após o dia, que a emoção se expresse um pouquinho mais no momento. Essa não é uma tarefa fácil para o tipo 5 e não há um lugar certo ou uma velocidade para se fazer isso. A ideia é a cada passo sentir mais a própria vida e o próprio coração, no seu tempo, no seu ritmo. Desse modo, o caminho já estará sendo caminhado.

Tudo isso é um processo de entrar de verdade na vida e usar e abusar de toda abundância, prosperidade e prazeres que ela tem a oferecer por meio de um fluxo de energia infinito que, quanto mais usado, mais fica disponível para uso, sem nenhum apego ou economia. É um caminho fantástico para o tipo 5.

Práticas e exercícios de desenvolvimento

As práticas a seguir são sugestões diretas para as pessoas do tipo 5. Se você é desse estilo do Eneagrama, vai se beneficiar enormemente com a adoção de uma ou mais delas como rotinas de desenvolvimento, de modo que passem a fazer parte de sua agenda no dia a dia. Crescimento não é uma tarefa difícil, mas exige, sim, compromisso e priorização:

  • Fique atento, durante uma semana, à pressão de seus pés tocando o chão enquanto caminha, indo e voltando nessa percepção. Leve um bilhete no bolso ou deixe uma mensagem no celular para lembrar-se disso durante o dia. Na semana seguinte, passe para a sensação da calça nas pernas. Na outra, para as meias. Mantenha essa prática até que a sensação de estar mais conectado ao corpo, aos pés e às pernas seja um hábito. Isso pode requerer alguns meses, disciplina e força de vontade, mas os ganhos são enormes.
  • Pratique exercícios de intenso contato com o corpo diariamente ou, no mínimo, três vezes por semana. Pode ser futebol, dança, judô, bicicleta, escalada. Também mantenha contato direto com a terra por meio de jardinagem, caminhada descalço etc.
  • Faça teatro para praticar a improvisação e a espontaneidade. Dê preferência a peças de comédia ou sem um roteiro predefinido, bem como a papéis que exijam, além de reflexão, expressão corporal.
  • Tome a iniciativa de chamar alguns amigos do trabalho para irem até a sua casa para uma confraternização. Chame pelo menos cinco deles. De preferência, pelo menos dois deles não devem se conhecer e você deve ficar responsável por apresentá-los.
  • Celebre suas conquistas com uma dose de exagero — pelo menos, para os seus padrões. Compre algo que não costuma comprar, como uma roupa, faça uma viagem ou vá a um restaurante que cobra um preço que você normalmente não pagaria. Estamos falando de algo que você não está precisando e que está adquirindo apenas por premiação e prazer. O que você conquistou ultimamente e não celebrou? Faça uma lista e veja se está faltando algo. Defina suas próximas conquistas e escreva em um papel qual será a comemoração quando alcançá-las. Chame outras pessoas para comemorarem com você e anuncie o motivo disso.
  • Liste seus sonhos que estão parados, esperando que você esteja “mais preparado”, que tenha mais dinheiro ou mais garantias de que vai dar certo. Que primeiro passo você pode dar agora? Anote uma ação e se comprometa com uma data próxima. Aja mais e planeje menos.
  • Pratique falar como você se sente, e não o que pensa sobre as coisas, principalmente com as pessoas que mais ama.
  • Mude sua maneira de tomar decisões exclusivamente pela cabeça. Escolha três decisões que você tem que tomar nesse momento da sua vida, não importando se são simples ou complexas. Concentre-se na sua cabeça e pergunte: “O que eu decidiria?” Em seguida, concentre-se no coração, respire profundamente, sentindo a região do meio do peito, e pergunte: “Qual a decisão aqui?” Então, coloque as mãos firmemente sobre a barriga (logo abaixo do umbigo), respire profundamente nessa região e pergunte: “Qual seria a decisão a partir daqui?” Entenda a diferença entre essas regiões e em que a inteligência e a sabedoria do corpo e do coração podem ajudar você.
  • Aproxime os relacionamentos importantes que, de alguma maneira, você afastou por não alimentá-los ou para não se expor. Pense nas pessoas mais próximas da sua família ou nos amigos. Há quanto tempo você não telefona para eles sem motivo, apenas para bater papo, por iniciativa sua? Escolha duas pessoas para telefonar nos próximos dois dias e ligue semanalmente para pelo menos uma das pessoas em que pensou.
  • Pergunte-se em qual atividade ou hobby você tem muito interesse, a ponto de gostar de ver programas de TV ou ler sobre ele. Faça algo de prático para viver isso, em vez de só observar de fora.
  • Perceba seu receio de ser inadequado e desenvolva isso.
  • Use metáforas, compartilhe histórias pessoais e mostre seu otimismo, sua alegria e suas emoções com uma frequência e intensidade muito maiores do que faz hoje.
  • Tenha coragem de se abrir mais com pessoas próximas e com colegas do trabalho. Agende um jantar ou um café informal com pelo menos uma pessoa por semana (de casa ou do trabalho) para falar algo sobre si mesmo, sobre como está se sentindo agora. Permita-se ser humano, com vulnerabilidades, ignorâncias e sentimentos irracionais e ilógicos.
  • Peça mais feedback. No trabalho, peça para sua equipe, seus pares e seus superiores. Em casa, peça para quem gosta de você. Lembre-se: você deve ter a iniciativa de pedir, e não esperar que isso aconteça. Sobre o que seria importante você pedir feedback?
  • Faça piadas de algumas coisas que sempre levou a sério — um mau negócio que fez, um dinheiro que perdeu, um papel de bobo que desempenhou, um total desconhecimento sobre um assunto —, em uma conversa que não o leve a lugar nenhum, apenas o divirta. Tenha um pouco disso todos os dias. Ria um pouco de sua preocupação em saber de tudo, em ler sobre tudo e em achar que isso o torna alguém mais importante.
  • Reconheça a enorme quantidade de coisas que você não sabe fazer porque não experimentou, que acha que sabe fazer porque leu, mas na verdade nunca fez. Preste atenção em quantas pessoas mais simples e menos estudadas sabem mais do que você sobre diversos assuntos práticos e emocionais da vida. Tenha a humildade de aprender com elas.
  • Pense em uma situação atual na qual você está se sentindo extremamente demandado por outras pessoas. Reviva isso. O que você pensa? Como você se sente? Perceba como você normalmente reage. Qual o impacto disso para as pessoas ao seu redor? Como você poderia permanecer mais presente na situação? Qual o impacto disso para os resultados que deseja alcançar? Perceba sua tendência de tirar o time de campo em vez de permanecer.
  • Pense no seguinte: em que brigas importantes você está deixando de entrar hoje por receio de elas demandarem muito esforço? Identifique “brigas positivas”, principalmente no ambiente de trabalho, que você não pode deixar de comprar. O que ganharia se permanecesse nelas? Qual a mais importante delas, que você vai retomar?
  • Dê mais de si mesmo e receba mais dos outros. Faça coisas que o conectem à abundância da vida. Economize menos do que quer que você esteja economizando. Pratique mais dar e receber. Apegue-se menos ao que tem. Livre-se de coisas velhas e pequenas que você mantém só porque dão pouco trabalho ou gastam pouco. Permita-se viver com mais, querer mais.
  • Pratique regularmente a consciência de respiração. Faça yoga, renascimento, biodança (maravilhoso para os tipos 5), corrida ou qualquer outra atividade em que você pratique a atenção em detalhes na respiração no corpo.
  • Entre em contato com a natureza todas as semanas. Vá a um parque, uma praia, um lago — qualquer lugar perto da terra, do vento, das árvores. Envolva seu corpo nessas sensações.

 

Tipo 6 - Desafios gerais de crescimento

O tipo 6 pertence à tríade mental (intelecto) do Eneagrama, estando ligado ao ponto 9 (seu ponto de segurança ou impulso) e ao ponto 3 (seu ponto de estresse ou desafio). Possui como asas (vizinhos no círculo) os pontos 5 e 7. É um dos três pontos presentes no triângulo central do Eneagrama, sendo o centro da tríade mental e, portanto, tendo a emoção básica do Medo como o seu maior desafio de crescimento.

Seu primeiro movimento deve ser de acesso ao ponto 9, que é o centro da tríade corporal. Isso significa deslocar o excesso de energia concentrado em sua cabeça (que o inunda de pensamentos, cenários, vozes e preocupações) para o corpo, distribuindo essa energia por igual e energizando a ação de todos os músculos e sensações corporais da superfície da pele. Deve haver também um deslocamento do ponto de respiração. Normalmente, o tipo 6 concentra a respiração no peito, de forma rápida e curta (o que revela sua ansiedade). Ele deve deslocar a respiração para a barriga, tornando-a mais profunda e lenta, reduzindo sua ansiedade e sua atividade mental aceleradas.

O acesso à energia do ponto 9 é percebido imediatamente como bem-estar, ajudando o tipo 6 a tomar contato com a realidade dos fatos, e não somente com os cenários catastróficos que ele projeta lá fora. Aqui, é importante o tipo 6 checar a realidade, ou seja, perguntar a outras pessoas o que elas acham dos projetos e dos cenários que, em sua visão, podem dar errado. Nesse caso, em vez de confiar somente em suas próprias preocupações, ele parte para uma atitude de verificar se realmente todos os perigos e riscos que prevê são vistos da mesma forma pelos outros. Sua visão, assim, se liberta de um foco excessivo nos próprios pensamentos e se torna mais ampla e coerente. Ele deixa de se perder no seu mundo mental de vozes e riscos e toma contato com o que, de fato, está acontecendo lá fora. Outra consequência é tornar-se mais receptivo, desconfiando menos das pessoas e de suas prováveis intenções ocultas, bem como considerando múltiplas possibilidades.

Uma vez que esteja tudo certo com a energia corporal, o tipo 6 deve se direcionar para o movimento seguinte, voltado para a ação, a realização, o sucesso, a imagem, a projeção externa e a autoconfiança, representados pela energia do ponto 3 do Eneagrama, centro da tríade emocional. Esse é o ponto em que o tipo 6 para de procrastinar, imaginar cenários negativos, exigir garantias de segurança, duvidar de si mesmo e passa, finalmente, a andar para frente, entrar em ação, estando ou não com medo e sem a necessidade de antecipar o futuro. Ele investe para tornar-se um grande executor, capaz de colocar em prática seus planejamentos. Além disso, adquire autoconfiança e passa a acreditar em suas habilidades e em sua autoridade, bem como começa a promover-se e permitir-se o sucesso. Com uma perspectiva saudavelmente mais individualista, o tipo 6 pode passar a valorizar suas conquistas, comemorar suas vitórias e sentir-se bem com aquilo que realiza.

Das suas asas, os pontos 5 e 7, há também aprendizados e integração a serem realizados. Da asa 5 deriva um recolhimento da energia agitada da cabeça, trazendo mais introspecção e concentração, além da uma clareza mental que vem do distanciamento e da dissociação da emoção do Medo e da Ansiedade. Trata-se de usar a lógica sem se entregar a uma desestabilização emocional e a um desespero nas horas de crise. Trata-se também de torna-se mais o observador que vê a cena de fora e, justamente por isso, consegue definir caminhos de solução mais claros. Da sua asa 7, são incorporados, sobretudo, a diversão, o prazer e a capacidade de ver o lado positivo das coisas, de ver que as coisas também podem dar certo. Aqui, os resultados são leveza e vontade de arriscar e experimentar coisas novas, sem tanta necessidade de segurança.

Grande parte do desafio do tipo 6 tem a ver com separar os perigos e as armadilhas reais daqueles que são criações ou exageros mentais, frutos de sua insegurança interna. Assim, é importante que ele faça um trabalho de avaliação dos pensamentos, a fim de verificar se a ideia que está tendo em um determinado momento é fruto do medo ou é, de fato, uma intuição sobre um risco que deve ser levado em conta. É importante também ele perceber que costuma basear suas atitudes e decisões de vida (bem como suas indecisões e dúvidas) em pensamentos negativos e que sua vida, assim, passa a ser um reflexo dessa sua maneira de pensar.

Outra coisa que o tipo 6 precisa perceber é sua enorme necessidade de trabalhar a relação que tem com pessoas e instituições de autoridade. Enquanto ele não desenvolver sua autoconfiança, seu poder e sua autoridade interna — algo que é possível por meio de um trabalho de autoconhecimento e crescimento pessoal —, vai continuar em uma gangorra, ora se rebelando contra essas pessoas e instituições (muitas vezes, sem um motivo que justifique isso), ora se tornando excessivamente obediente e acreditando que elas têm mais poder do que, de fato, têm.  

Em um caminho mais profundo de desenvolvimento espiritual, o desafio do tipo 6 envolve a recuperação da fé nas pessoas, em si mesmo, em sua força interna e, também, de que as coisas darão certo. Envolve ainda a recuperação da coragem, de um agir comandado pelo coração e pela alma, e não paralisado pelo pensamento duvidoso.

Práticas e exercícios de desenvolvimento

As práticas a seguir são sugestões diretas para as pessoas do tipo 6. Se você é desse estilo do Eneagrama, vai se beneficiar enormemente com a adoção de uma ou mais delas como rotinas de desenvolvimento, de modo que passem a fazer parte de sua agenda no dia a dia. Crescimento não é uma tarefa difícil, mas exige, sim, compromisso e priorização:

  • Escreva em sua agenda uma lista com 30 qualidades que possui, uma para cada dia do mês. Elas podem envolver características pessoais, profissionais e de liderança. Durante um dia todo, pense e concentre-se em valorizar-se por ter uma determinada qualidade. No dia seguinte, passe para a próxima. Transforme isso em um hábito simples, natural e diário.
  • Preste muita atenção no momento exato em que receber elogios ou feedback positivo de uma pessoa ou de um grupo. Grave-o na memória, destacando as palavras positivas que lhe foram direcionadas. Escute-as com o coração, gravando a emoção que cada uma delas lhe trouxe. Repita internamente a si mesmo cada uma dessas palavras sem dar atenção a qualquer descrédito que seu pensamento traga. Solicite feedback positivo. Adquira o hábito de pedir para outras pessoas lembrarem você de suas qualidades.
  • Crie um pequeno registro do seu passado, contendo pelo menos dez experiências de muito sucesso ou vitórias de que se orgulha. Deixe isso ao seu alcance, para leitura diária.
  • Escreva quais as perspectivas mais positivas que você vê no seu trabalho hoje.
  • Pratique, de preferência diariamente, uma atividade física de relaxamento para distribuição da energia mental para o corpo. Pode ser caminhada, dança, natação, corrida e assim por diante.
  • Pratique uma atividade para educar sua respiração, tornando-a mais profunda e longa. Yoga e/ou renascimento são altamente recomendados.
  • Converse com outras pessoas quando estiver paralisado pela dúvida em realizar ou não um projeto, uma mudança ou uma ideia, perguntando sua opinião. Preste atenção se os riscos que você acredita que existem estão somente na sua imaginação ou se são vistos pelos outros também. Pergunte a eles o que enxergam de positivo na situação.
  • Policie sua reação imediata de apontar possíveis problemas e riscos nas ideias das outras pessoas ao conversar com elas, caso contrário seu efeito será sempre desanimador e desencorajador sobre os outros. Faça sempre um comentário animador e positivo primeiro (o que já um exercício importante para o tipo 6) e somente depois apresente o que você acha que pode dar errado.
  • Faça um processo de coaching focado na realização dos seus projetos. Precisa ser um coach que você admire e que o empurre para a ação com certa pressão quando for necessário.
  • Engaje-se em atividades corporais e treinamentos comportamentais fora do trabalho, visando ao desenvolvimento da autoconfiança e à diminuição da ansiedade.
  • Aprenda a usar o corpo e o coração, e não somente a cabeça, como fontes de decisão.
  • Para as pessoas do tipo 6 fóbico: aprenda a identificar a presença do medo no corpo e, em seguida, recupere a coragem conectando-se ao chão (aterramento) e ajustando a respiração (mais profunda). Tome a atitude que tomaria se não tivesse medo, mesmo que tenha.
  • Para as pessoas do tipo 6 contrafóbico: pratique perceber o exato momento em que você dá um salto diante de uma possibilidade de perigo e tem um impulso de reagir imediatamente. Pergunte-se se é mesmo necessário tomar essa atitude e se o risco é realmente do tamanho da sua reação (a reação costuma ser muito maior que o risco real).
  • Perceba quais projetos da sua vida estão próximos de dar certo, de terem sucesso. Cuidado com as atitudes inconscientes para boicotar e se afastar desse sucesso. Olhe a situação de fora e tome as atitudes que uma pessoa que você conhece e é bem-sucedida tomaria no seu lugar. Fique atento e mantenha sua energia alta até o final.
  • Confie mais nas pessoas. Dê a elas o benefício da dúvida e torça para que dê certo. Simples assim.
  • Escolha um dia da semana e um local específico (por exemplo: segunda-feira, escritório) para fazer o seguinte exercício: todas as vezes que um cenário futuro negativo aparecer na sua cabeça (uma ideia de algo que pode dar errado ou ser perigoso), pense também no seu oposto, ou seja, imagine qual seria o cenário futuro se tudo desse muito certo.
  • Acostume-se com o poder e em ser a autoridade e o centro das atenções. Aceite aos poucos assumir esse papel. Aceite também cargos e funções que promovam seu desenvolvimento, mesmo que ainda não se sinta 100 por cento preparado para eles.
  • Evite enviar uma série de e-mails ou telefonar muitas vezes quando estiver ansioso para falar com alguém ou resolver algo. Faça isso uma vez e aguarde uma resposta.
  • Perceba e reduza o número de palavras que usa na comunicação escrita e falada que são relacionadas com riscos, perigos, medos, ansiedades e preocupações. Leia alguns e-mails que já escreveu para perceber essa tendência e verifique onde isso poderia ser minimizado.
  • Perceba sua tendência de fazer inúmeras perguntas com desconfiança e ceticismo quando está inseguro com relação à fala de alguém. Reduza isso para perguntas realmente significativas.
  • Assuma mais riscos na vida. Tome mais atitudes positivas, mesmo com medo. Saiba quando é hora de parar de planejar e partir para a ação.
  • Na vida, podemos viver de dois jeitos: fugindo ou nos afastando das coisas ruins e perigosas ou indo atrás e buscando as coisas boas e as realizações. Como você prefere que seja a história da sua vida?

 

Tipo 7 - Desafios gerais de crescimento

O tipo 7 pertence à tríade mental (segurança e previsibilidade) do Eneagrama, estando ligado ao ponto 5 (seu ponto de segurança ou impulso) e ao ponto 1 (seu ponto de estresse ou desafio). Possui como asas (vizinhos no círculo) os pontos 6 e 8.

Seu primeiro movimento deve ser de acesso a algumas características do ponto  5, isto é, a um processo de introspecção e solitude. Os pensamentos fervilhantes do tipo 7 saem de sua cabeça para várias direções, vários assuntos, todos ao mesmo tempo. Trata-se de uma enorme agitação que volta sua atenção para o mundo externo e os inúmeros estímulos que ele encontra fora de si — imagens, sons e ideias fascinantes na busca frenética do pseudoprazer, aquele capaz de desviar sua atenção das dores e frustrações que a vida pode trazer às profundezas do seu coração.

Voltar-se ao ponto 5 significa para o tipo 7 recolher toda essa energia dispersa e agitada em várias direções. Significa praticar estar sozinho por mais tempo para aquietar a mente, falar menos, respirar de forma mais profunda e lenta, aconchegar-se mais no próprio mundo e desconectar-se um pouco do mundo lá fora, desperdiçar menos energia, movimentar-se menos, valorizar mais e desfrutar o tempo sozinho, pensar em uma coisa de cada vez. Tranquilidade, foco, autoestima e intuição costumam emergir desse processo. Sozinho e protegido, o tipo 7 pode também acessar as suas emoções de dor, medo e tristeza de uma forma real, processando-as. Maturidade e um aprofundamento dos relacionamentos surgem. Com o tipo 5, o tipo 7 aprende que menos pode ser mais.

Seu movimento seguinte deve ser em direção ao ponto 1. É quando parte da energia mental em excesso do tipo 7 distribui-se para o corpo, fazendo com que ele se aterre, saia do mundo exclusivamente aéreo das ideias e adquira braços e pernas para fazer as coisas acontecerem. Trata-se de colocar os pés no chão, adquirir raízes. A partir desse momento, é possível perceber um enorme aumento no foco do tipo 7, que passa a se conectar com um ideal maior e dirigir sua atenção e suas ações para a realização desse trabalho, do começo até o fim, uma coisa de cada vez. Ele adquire responsabilidade, comprometimento e disciplina e passa a vê-los não como pesos, mas como dádivas para a realização de seus sonhos. Olha para seus pontos de melhoria com praticidade e aceitação, abrindo-se também para o feedback dos outros. Realiza um trabalho de melhoria contínua em si mesmo. Com o tipo 1, o tipo 7 aprende que o único momento que existe é o agora e que aquilo que precisa ser feito deve ser feito. Aprende também que é da realização dos sonhos, e não apenas da imaginação, que vem o real e duradouro prazer.

Das suas asas, os pontos 6 e 8, há também aprendizados e integração a serem realizados. Com o ponto 6, o tipo 7 pode aprender a recolher mais informações, especialmente as mais desfavoráveis, antes de tomar uma decisão importante e em situações em que é preciso ter mais cautela ou ter um plano B para o caso das coisas não saírem exatamente como o planejado. Com o ponto 8, o tipo 7 deve integrar mais força do seu instinto, do seu corpo à sua vida. Deve também obter mais assertividade para entrar e se manter em situações difíceis e conflitos, bem como conquistar firmeza de comando e autoconfiança para liderar.

Pode ser um grande desafio para a pessoa do tipo 7 perceber sua gula voraz por experiências e novidades que rapidamente perdem o gosto, notar que lá no fundo pode existir uma sensação de desorientação, como se, de fato, ela não soubesse para onde ir ou qual a real função da vida. Há um momento em que, mesmo diante de todos os prazeres do mundo, existe para o tipo 7 uma falta de sentido nas coisas que ele faz, uma vontade grande de contribuir para uma causa maior, e parece difícil saber que causa é essa.

Não é fácil para o tipo 7 perceber que algumas dores e frustrações podem parecer tão fortes que mal são possíveis de ver, que a mente e a memória parecem apagar ou contar essa história de um outro jeito, mas que lá atrás há algo importante: pessoas que gostaria que tivessem o amado mais, pessoas que ele magoou profundamente, sem perceber. Trata-se de perdas que não foram vividas. Há um enorme mundo bem no centro do peito ao qual o tipo 7 tem muito pouco acesso. Contudo, as portas do coração abrem-se igualmente para as tristezas e para as alegrias. Ao permitir entrar e sentir a tristeza, o tipo 7 se permite sentir também a felicidade. E isso é bem diferente de prazer: ao barrar a tristeza e os medos, ele fica apenas com a euforia e a agitação.

É um desafio para o tipo 7 perceber que sua raiva e revolta diante da sensação de não ser levado a sério, diante da crítica são disfarces para a tristeza, a frustração e o medo da rejeição. Para ele, não é possível entregar-se e conectar-se, de fato, a si mesmo e às outras pessoas. Contudo, permitir-se sentir isso sem racionalizar trará profundidade para si e para os relacionamentos com os outros, trará crescimento e compromisso, permitirá a ele manter relações autênticas e duradouras sem o desaparecimento rápido do interesse.

Desafios mais práticos para o tipo 7 envolvem: focar nos problemas centrais e nas prioridades, mesmo quando são difíceis ou desinteressantes; diminuir o número de coisas que faz ao mesmo tempo, comprometendo-se mais com aquelas que inicia; ouvir os outros com mais humildade, colocando-se no seu real tamanho, nem maior nem menor; estar disposto a adotar pontos de vista diferentes do seu; cuidar de tarefas rotineiras, burocráticas ou mesmo políticas quando a realização de um sonho maior ou um compromisso exigir que assim seja; especializar-se e aprofundar-se em determinados assunto quando isso for necessário, mesmo que implique conhecer menos tópicos — mais uma vez, aqui o menos pode ser mais.

Trata-se de abandonar o planejamento — plano em que sua mente vive muito mais no futuro do que no presente, tentando criar um mundo onde os impactos de prováveis frustrações e dores sejam os menores possíveis — e entregar-se ao plano divino por meio da percepção de que sua vida faz parte de uma obra muito maior, de que os rumos dessa obra, suas alegrias e suas tristezas, devem ser recebidos e vividos de coração aberto, sejam eles quais forem. Em vez de guloso por experiências relâmpagos, o tipo 7 torna-se sóbrio, presente e paciente, vivendo o aqui e agora totalmente dedicado à tarefa do momento, do começo ao fim. Nada mais existe lá fora.  

 

 Práticas e exercícios de desenvolvimento

As práticas a seguir são sugestões diretas para as pessoas do tipo 7. Se você é desse estilo do Eneagrama, vai se beneficiar enormemente com a adoção de uma ou mais delas como rotinas de desenvolvimento, de modo que passem a fazer parte de sua agenda no dia a dia. Crescimento não é uma tarefa difícil, mas exige, sim, compromisso e priorização:

  • Perceba sua enorme tendência em começar coisas novas e perder o interesse quando aparecem os próximos passos. Faça uma lista das atividades que começou desde a infância. Quais delas você mantém até hoje? Por quê? O que há em comum nelas que não havia nas demais?
  • Faça uma lista das frustrações que teve na vida. Perceba a dificuldade de aparecer qualquer item na sua memória ou o fato de aparecerem somente itens de importância menor. Perceba também que, ao pensar em um fato difícil do passado, imediatamente vem uma explicação em sua cabeça, pronta para convencer a si mesmo e aos demais de que aquele fato não foi tão dolorido ou importante assim e que, na verdade, foi um aprendizado, uma coisa sem importância. Perceba com funciona a racionalização, que é essa capacidade de dar explicações positivas para as coisas. Em quais situações ela pode ser positiva? Em quais situações pode ser uma limitação? Que dores e frustrações você está racionalizando hoje, que não se permite sentir plenamente? Liste pelo menos duas.
  • Caso leia vários livros ao mesmo tempo, pratique reduzir esse número para, no máximo, dois e só começar outro assim que terminar um deles. Pratique pensar antes de escolher um novo livro, pois você o lerá até o final. O mesmo vale se você tem muitos hobbies ou pratica muitos esportes.
  • Estabeleça objetivos claros e compromissos para o seu dia. Quantos deles você cumpre? Quantos deixa para trás usando uma excelente razão para isso? Que outros projetos importantes você abandonou em um momento difícil e, sem perceber, arrumou, para si mesmo, uma excelente justificativa para isso?
  • Tenha contato com a natureza pelo menos uma vez por semana. Uma paisagem muito bonita ou um lugar bem tranquilo, com poucos sons e pouca movimentação. Fique sozinho pelo menos uma hora por semana nesse lugar. Perceba a diminuição de sua agitação interna e como você se sente.
  • Fique sozinho, em silêncio e parado, pelo menos 15 minutos por dia. Você pode contemplar a árvore da frente da sua casa ou qualquer outra coisa bem comum. Melhor ainda é a prática diária de meditação — uma maravilha para o equilíbrio e o crescimento do tipo 7.
  • Faça yoga, aikido ou tai-chi-chuan, praticando manter a atenção e a concentração no presente. O mesmo vale para outras práticas corporais e de respiração consciente, como a técnica do renascimento. O importante é estar conectado ao corpo e consciente dele, sem estímulo de pensamentos.
  • Liste duas conversas ou assuntos difíceis que você está procrastinando. Agende uma data para resolvê-los.
  • Pergunte às pessoas no seu trabalho no que elas acham que você poderia melhorar. Faça o mesmo no seu relacionamento amoroso. Prepara-se para receber as respostas sem raiva ou revolta.
  • Que pessoas precisam que você esteja mais presente, que dedique mais tempo a elas? Seus subordinados? Sua esposa ou seu marido? Seus filhos? Abra mão de uma atividade sua para investir um pouco mais de tempo nesse relacionamento (se ele for importante para você, é claro).
  • Adquira ferramentas práticas ligadas a gestão do tempo, organização e foco. Use uma agenda predefinida para orientar suas atividades, incluindo as rotineiras. Essa agenda deve conter as atividades que são importantes, e não necessariamente agradáveis.
  • Com ajuda de um coach, escreva, de forma clara e específica, seus objetivos de médio e longo prazos para as diferentes áreas de sua vida. Caso não saiba, invista na descoberta com a ajuda do coach.
  • Quando estiver com raiva de alguém ou de uma situação, pergunte-se: “O que estou sentindo, de verdade, por trás da raiva?” Permita-se sentir o coração, enfrentando o medo.
  • Invista em autoconhecimento. Faça cursos, frequente grupos ou vá à terapia. Descubra que, com disciplina, perseverança e pé na realidade, você pode conquistar sonhos e trazer felicidade para si e para os outros à sua volta.
  • Faça uma atividade em grupo em que você não tenha destaque, apenas participe como coadjuvante.
  • Verifique quais prazeres você não consegue abandonar na sua rotina. Quais realmente trazem bem-estar a você e àqueles a quem ama? Quais podem estar sendo destrutivos?
  • Pratique ficar mais em casa sozinho, lendo, arrumando as coisas com paciência ou escutando música.
  • Na próxima vez que sair com os amigos, faça um teste: fique em silêncio na maior parte do tempo, apenas ouvindo as histórias deles atentamente e não contando as suas. Perceba como os outros podem estranhar. Pergunte a eles como se sentem quando você ouve mais do que fala.